sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Inserção

Por André Parada

O sonho é uma ilusão criada pela mente para manter o funcionamento do organismo, enquanto o corpo está em repouso. Nele podemos viver as mais belas fantasias, os mais tenebrosos pesadelos, ou apenas um momento qualquer, sem sentido, que poderia facilmente ser um momento sem importância de nossas vidas. Cada objeto, elemento e pessoa que vemos em nossos sonhos não são invenções e sim, memórias perdidas no nosso subconsciente, transformadas em situações extraordinárias. Vendo deste ângulo, podemos caracterizar o sonho como um baú, onde tudo que já vimos, ouvimos e sentimos na vida, está lá, prestes a ser reencontrado.


Agora, se, nesse baú, há um segredo tão importante, que nós o escondemos de todos e, às vezes, até de nós. E se alguém pudesse entrar e roubar esse segredo seu e usá-lo a seu favor. Ou pegar este segredo e mudá-lo, para que sigamos nosso inconsciente como se fosse nosso instinto. É aí que entra Cobb. Um ladrão de segredos, que, por seu jogo de controle de sonhos, perdeu a vida e agora vive com o sonho impossível de rever seus filhos.


“A Origem”, de Christopher Nolan é, sem dúvida, a melhor produção americana de cinema do ano. Entre detalhes brilhantes e fantásticas cenas, o novo ícone da direção cria uma obra prima. O filme de duas horas e meia te prende do início ao fim. Do entendimento da idéia de controle de sonhos, à tensão da inserção de uma idéia na mente do herdeiro de uma grande empresa, Fischer (Cillian Murphy). Nolan sutilmente brinca com a edição do filme e o andamento de um sonho (ou apenas o que fica dele quando acordamos). Os cortes são cheios de sacadas, como mudanças repentinas de ambiente, ou apenas da posição do personagem, semelhante às de um sonho. As lembranças de Cobb, com mera menção de algo que associe a sua família também lembram como funciona nossa mente que, com uma palavra qualquer, projetamos uma cena de nossa memória.


Além dos detalhes, o filme é recheado de cenas de ação fantásticas, como as de Arthur (Joseph Gordon-Levitt) no hotel sem gravidade e de Ariadne (Ellen Page) “brincando” com a arquitetura de um sonho. Aliás, é importante lembrar do excelente elenco, muito bem escolhido, muito bem dirigido. Cada personagem é muito bem explorado e muito bem representado. Destaque para DiCaprio, que provavelmente será indicado de novo ao Oscar (e provavelmente irá perder de novo, mas isso é um chute no escuro, já que não vi ainda outros possíveis candidatos) e para Marion Cotillard que faz impressionantemente o “fantasma” da falecida mulher de Cobb, Mal. A francesa chega a meter medo com suas expressões psicóticas sempre querendo matar todos.



O filme é excelente, apesar de sentir certo exagero na ação e no tiroteio, não é uma crítica relevante no conjunto da obra. Uma idéia completamente original, um filme super envolvente e uma promessa a filme do ano, não deve ser ignorada por nenhum apaixonado pelo cinema. Comprem seus ingressos e tentem comer a pipoca no trailer ainda pela total atenção.

Bom Filme!

2 comentários:

  1. Interessantes as suas observações. Vamos conferir o filme.

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  2. Amei seu blog! Parabéns pela iniciativa, demais!
    Estou louca pra ver esse filme, depois desse post, não deixarei de conferir.
    Beijossss Kika

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