segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Quando me Apaixono

Por André Parada

Quando Helen Hunt foi escolhida para fazer “Melhor é Impossível”, foi completamente desacreditada, por ser uma atriz de série. É claro que atores de série tem um nível inferior dos de cinema, é só você pensar na diferença de produções e investimentos de cada lado. Mas não dar valor aos que se mostram bons, mesmo do outro lado, é simples preconceito. Helen fazia ótimo trabalho em “Mad About You” e fez ainda melhor no filme que lhe garantiu o Oscar de melhor atriz. Dez anos após provar seu valor como atriz, Helen decidi tentar como diretora.

“Then she found me” (no original), que é baseado em um livro de Elinor Lipman, conta a história de April, uma mulher de 39 anos que sonha em ter um filho. Por ser adotada, prefere ter o filho ela mesma, apesar dos problemas da gravidez para uma pessoa de sua idade. O início do filme é rápido e cheio de informações, em 15 minutos a personagem passa de casada e aparentemente feliz para divorciada, órfã e deprimida. A única coisa que a motiva é o desejo de ter um filho. Tudo começa a mudar quando April é encontrada por sua mãe biológica, uma apresentadora de talk show, daqueles estilo Márcia Goldschmidt, completamente espalhafatosa. Personagem interpretado por Bette Midler, que faz com perfeição a mãe louca. Paralelo a isso há o romance com o complicado Frank (Colin Firth) e sua gravidez logo após o término de seu casamento.

O filme trata de temas difíceis, como gravidez aos 40 anos e adoção, mas nunca de modo muito pesado, nem leve de mais. Bette Midler alivia com perfeição o tema do filme. O filme nos deixa a pensar sobre nossas motivações para nossos atos. Quem nunca fez algo muito ruim, que só poderia dar errado, sem nem mesmo nos dar prazer, simplesmente por fazer? E sobre como tudo pode dar errado, nos deixando com o sentimento de que nada mais vai dar certo. As vezes tudo que precisamos é de uma simples escolha, mesmo que não seja aquela que mais queremos, mas aquela que vai resolver o nosso problema.

Sobre a adoção, Juca Chaves, que tem duas filhas adotivas, uma vez falou: “Não somos nós que adotamos nossos filhos, mas sim eles que nos adotam”. A personagem de Helen demora pra entender isso, talvez se tivesse ouvido Juca...

Destaque na caracterização dos personagens, que são perfeitos na história, todos complicados e diferentes de seu modo e na escolha do elenco, é impressionante o quanto cada ator fica perfeito em seu papel. Helen e Bette dão show, na cena que April descobre a verdade sobre sua mãe, por exemplo. Destaque também na cena no hospital, com April e a mãe, cena linda que me lembrou a de “Gênio Indomável” (aquela do “it´s not your fault”).

Helen, que já havia dirigido episódios de Mad About You, tem um bom começo na telona, veremos se irá engrenar na cadeira atrás da câmera. Três anos se passaram da produção do filme e Hunt ainda não seguiu outro projeto, mas torçamos para que ela volte a dirigir e mantenha o bom nível do último.

Bom Filme!

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